PRATIQUE SEU DISCURSO (OU MUDE DE DISCURSO…)

O storytelling, ou seja, a arte de contar boas histórias, tem sido uma prática importantíssima para que uma marca – seja ela pessoal ou não – possa se diferenciar no meio de tanto “barulho” e engajar o seu público-alvo.

 

Contar sua história dá voz à sua marca e traz a oportunidade de expressar as dificuldades encontradas ao longo de sua jornada, falar sobre seus conflitos e sentimentos, seus motivos… o que acaba ajudando no processo de “humanização” da marca e na construção de conexões emocionais, muito mais fortes e duradouras, com sua audiência.

 

Foi-se o tempo, porém, em que adotar uma bela narrativa e um discurso politicamente correto bastava para se destacar e inspirar todas as pessoas a seu redor.

 

Entramos na era do storydoing.

 

Podemos entender que o storydoing é a prática do storytelling, ou seja, sua história em ação. Os dois conceitos não se anulam, mas se complementam e se potencializam, resultando em uma importante coerência entre discurso e prática.

 

Agir de acordo com o que se fala e demonstrar, na prática, os valores da sua marca, vem sendo cada vez mais cobrado e questionado, impactando diretamente na sua credibilidade e sendo motivo suficiente para construir – ou destruir – uma reputação.

 

Tanto é que, recentemente, acompanhamos alguns casos de marcas, pessoas e empresas que tiveram a credibilidade colocada em xeque, justamente pela incoerência entre aquilo que pregam e aquilo que fazem. Sabemos que a alta conectividade e o crescimento das mídias sociais deixam esse cenário ainda mais delicado, realizando verdadeiros julgamentos em praça pública e dificultando o esquecimento dos casos.

 

Tudo isso passa a ter um peso cada vez maior, principalmente em meio ao que chamamos de “cultura do cancelamento”, onde os erros são massivamente apontados e a exigência de redenção é rigorosamente instalada.

 

Na cultura do cancelamento, todos viram alvo, sendo avaliados o tempo todo por aquilo que falam, publicamente denunciados ao menor sinal de inconsistência e duramente ignorados, até que se redimam.

 

Contar uma mentira é muito pior do que não contar história nenhuma.

 

Todos temos boas histórias para contar e nada precisa ser inventado para aumentarmos nossa importância. Precisamos construir nossa narrativa olhando para nossa trajetória com atenção e generosidade, identificando tudo que foi percorrido, os desafios encontrados, as razões das nossas principais decisões e as transformações que sofremos ao longo do caminho.

 

Todos temos, também, crenças e valores próprios, e precisamos de muito autoconhecimento tanto para identificá-los, quanto para sermos capazes de alinhar nossas ações àquilo que realmente acreditamos e pregamos.

 

Por fim, é importante reforçar que não basta contar boas histórias: é preciso vivê-las plena e incontestavelmente no nosso dia-a-dia, lembrando sempre que Deus pode até perdoar, mas a Internet não!