Lembro de estar em São Francisco, Califórnia, quando tive a oportunidade de participar do Global Summit da Singularity University, ouvindo sobre todas as mudanças que o mundo está vivendo – e viverá – nos próximos anos. Ouvir tudo aquilo e sentir que o futuro de fato já chegou, me deixou tão ansiosa que eu, no meio da apresentação, enviei uma mensagem para o meu marido praticamente formalizando a necessidade de uma “reunião” com ele para a minha volta, com o objetivo de conversarmos com urgência sobre a educação de nossos filhos.
Em determinado momento, alguém, que devia estar sentindo a mesma angústia que eu, perguntou: “E o que fazer com nossos filhos?” A resposta, eu nunca esqueci: “Ensine Criatividade, Coragem e Empatia”
Sim, como muito se tem falado, estamos criando e educando nossos filhos para um futuro que ainda não conhecemos, e para trabalharem em profissões que ainda não existem. Sabemos também que, conforme a resposta que foi dada naquele momento, cada vez mais serão as #softskills que farão a diferença no contato com o mundo, até porque são exatamente essas as competências que nos diferenciam das máquinas, e nos fazem… humanos.
A pergunta que muitos se fizeram, naquele momento, foi: mas será que realmente é possível ensinar esse tipo de competência?
Bem, nesse ponto eu preciso dizer a vocês que essas competências não serão necessárias apenas para as crianças e que, para ensinar, precisamos praticar, incentivar diariamente e, principalmente, dar o exemplo.
Mas, vamos por partes:
A CRIATIVIDADE é, segundo divulgação do #worldeconomicforum, tida como uma das competências-chave para o futuro do trabalho. É ela que te ajudará a encontrar diferentes maneiras de lidar com o incerto e com a imprevisibilidade, e de atuar em um ambiente onde será necessário que a gente crie, recrie e cocrie o tempo todo.
Steve Jobs dizia que “criatividade é a arte de conectar ideias”, como forma de transforma-las em informação útil para criação de novas soluções.
Diferentemente do que muitos imaginam, a criatividade não é um dom e nem para poucos, podendo sim ser desenvolvida. Uma das mais eficientes formas de desenvolver é ampliar seu olhar para além do que você já conhece e estar aberto para aprender coisas novas diariamente, lembrando-se que, quanto mais variados os temas, melhor.
Com as crianças o caminho é parecido: precisamos instigar a curiosidade, proporcionar atividades multidisciplinares, experiências diversificadas, e estimular com que pensem “fora da caixa”, brincando de pensar formas diferentes de se fazer as mesmas coisas.
A CORAGEM, ao contrário do que muitos pensam, não significa ausência de medo, mas sim, firmeza e força para enfrentar situações de risco e perigo, o que envolve diretamente a forma como você lida com a vulnerabilidade. Ter essa consciência já nos ajuda a desenvolver essa competência, pois precisamos de coragem para ousar, ainda que exista o risco do fracasso. Mostrar nossa vulnerabilidade nos faz humanos e nos conecta com as outras pessoas, além de nos ajudar a ensinar para nossos filhos que não podemos nos render frente ao medo, que todo mundo corre o risco de falhar e que o mais importante é o que fazemos nessas situações e como tiramos aprendizados dos nossos erros.
Já a EMPATIA, para mim, renderia um texto exclusivo.
Precisamos ensinar para nossos filhos, desde muito cedo, que a dor dos outros não é brincadeira. E precisamos cuidar para que eles encontrem a coerência necessária entre aquilo que a gente fala pra eles e aquilo que a gente faz no dia-a-dia.
Uma cena bem comum: nosso filho cai e começa a chorar. Rapidamente ajudamos ele a se levantar e, ao ver que não foi nada grave, dizemos: “Não foi nada, pare de chorar. Passou”. É claro que nossa intenção é ajuda-lo a superar e acabar com o choro, mas, dizer a ele que não foi nada e que já passou é ignorar todo e qualquer sentimento que ele possa estar tendo naquele momento: dor em alguma parte do corpo, vergonha por ter caído, decepção por não ter conseguido pular sem cair… e por aí vai. Muito provavelmente, no dia seguinte, ele dirá o mesmo ao amiguinho que tropeçar, cair e começar a chorar. Sei que é um exemplo simples e que nós fazemos isso com a melhor das intenções, mas não paramos pra pensar na mensagem que estamos passando.
Comece a prestar atenção no quanto você pára para ouvir atentamente o que as outras pessoas estão dizendo, no quanto você de fato se interessa por elas e pelas “batalhas” pelas quais estão passando e no quanto você tem julgado as atitudes alheias…
Parar para se colocar no lugar do outro, do ponto de vista do outro, com a verdade do outro, e sem julgamentos de nenhum tipo não é simples, mas é algo que, com consciência, prática e disciplina, você pode sim desenvolver.
Como eu disse no início, o futuro já chegou, e nós podemos ficar sentados assistindo e lamentando as mudanças, ou começar a trabalhar no nosso autodesenvolvimento desde já, nos preparando cada vez mais para garantir um bom lugar no que está por vir.